sexta-feira, 25 de março de 2011

Juros elevam falências

Segundo a Serasa Experian, o número de falências requeridas por empresas no Brasil, em fevereiro, chegou a 134. Esta é a 3ª alta mensal consecutiva. Em janeiro, 131 falências foram requeridas – 7 a mais que em dezembro.

Entre os pedidos de falência, 94 partiram de micro e pequenas empresas, 34 de médias empresas e 6 de grandes empresas.

O número de falências decretadas e de recuperações judiciais requeridas em fevereiro também aumentou. Foram 64 falências decretadas no último mês, contra 41 em janeiro. Do total, 60 foram de micro e pequenas empresas, 2 de médias e 2 de grandes. As recuperações judiciais requeridas aumentaram de 23 em janeiro para 32 em fevereiro. Desse total, 23 eram de micro e pequenas empresas, 7 de médias e 2 de grandes.

O que Provoca o Enfraquecimento das Empresas?

Baseada nos atendimentos que presta diariamente em suas 5 unidades, a Associação Brasileira do Consumidor conclui que os juros muito altos nos de empréstimos, cheque especial ou cartão de crédito minam a saúde financeira das empresas.

Segundo Marcelo Segredo – presidente da Associação - o empresário que tem de recorrer a esses meios está praticamente condenado, porque não há atividade econômica capaz de gerar lucros que possam pagar os atuais juros tão abusivos, que já chegam a 15% mensais ou mais.

Segredo revela que, especialmente no comércio, outro monstro voraz é o cartão de crédito, presente em quase todos os estabelecimentos porque o grosso dos consumidores não conseguem comprar à vista: “O cartão suga as finanças dos varejistas. Quando vendem no cartão, os comerciantes pagam de 3,5% a 7% do valor às operadoras. Além dessa comissão, os lojistas demoram de 30 a 45 dias para receber o dinheiro da venda”.

Mas não é só isso: Segredo lembra que eles têm de pagar o aluguel da maquininha (de R$ 80,00 a R$ 160,00 por mês), além da linha telefônica para que ela funcione e ainda são obrigados a ter uma conta em banco para poderem receber essas vendas, da qual também pagam tarifas de manutenção.

“Por isso, muitos empresários acabam caindo no cheque especial,no cartão de crédito e nos empréstimos; sempre tentando sobreviver na esperança das coisas melhorarem. É claro que, nessas circunstâncias, o lucro vai embora e fica difícil pagar as mercadorias, o aluguel do imóvel, salários, impostos e outras inúmeras despesas”- analisa o dirigente.

Para Segredo, o máximo que os bancos fazem é renegociar dívidas, jogando o cliente numa dívida ainda maior e cobrando dele juros cada vez mais altos: “Chega uma hora em que o lojista acaba tendo que se comprometer com o banco a deixar lá boa parte do que vendeu no cartão e aí, sem dinheiro vivo na mão, a falência vem a galope” – explica.

Dívida de R$110 mil é Renegociada Por R$10 mil

Especializada em lidar com abusividades dos bancos, a Associação tem conseguido apontá-las à Justiça e livrar empresas da falência.

Foi o caso do Sr. Alessandro, proprietário de uma firma de manutenção em informática e venda de computadores e assessórios. Depois de uma longa trajetória de sofrimento, chegou ao ponto de subsistir descontando duplicatas com o banco, depois empréstimos e renegociações; até que chegou a uma dívida de R$110.000,00 .

Entrando na Justiça contra o banco, o empresário contou com a ajuda da Associação, que detectou inúmeros abusos em juros, taxas e outras despesas e os apontou no processo.

Para não perder a causa, o banco aceitou receber R$10.000,00 pela suposta dívida de R$110.000,00 e ainda parcelou em 4 prestações sem juros.

“Fatos como esse mostram que os lucros dos bancos são elásticos; muitas vezes arruinando empresas" – conclui Segredo, que vem sendo convidado por associações e grupos de empresários para ministrar palestras orientativas no sentido de ajudá-los a sair desse ciclo de endividamento que vem provocando tantas falências.

Fonte: Ausepress 

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