quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Palhaço Tiririca repete Enéas e Clodovil com grande votação de protesto

Parece ser próprio da cultura política brasileira o favorecimento do eleitorado ao político que está no poder. Assim, a experiência tem demonstrado que o governador ou o prefeito que tenta a reeleição tem um elevado percentual de possibilidade de conseguir um segundo mandato. Veja-se o caso das eleições do próximo mês de outubro: as pesquisas indicam que certamente 15 dos 20 governadores que tentam a reeleição deverão obter sucesso . Observadores da política indicam que parece haver um fetiche do político no exercício do mandato eletivo e o apoio do eleitorado caso ele tente se reeleger. Pode-se, por extensão, considerar que políticos que exercem mandados proporcionais também têm elevada possibilidade de êxito. As perspectivas são de que mais da metade dos deputados federais obtenham nas urnas um novo mandato. O mesmo acontece com os senadores que se habilitam à reeleição.

Um dos motivos determinantes da maior possibilidade da reeleição de um deputado ou de um senador está no fato do cacife de quem já ganhou eleição tem em relação a um neófito na disputa. Existem os meandros, os maneirismos, o saber conduzir a campanha que, por vezes, demandam experiência e tarimba do candidato. Mas para isto é necessário que ele esteja respaldado por reserva de dinheiro já que sabidamente a eleição é cara. As mais caras eleições são as majoritárias tais como a de governador e senador. São, também, as que demandam mais cacife na política e dificilmente um candidato sem ampla base de apoio conseguirá romper a barreira composta pelos mais experimentados e conhecidos políticos. Mesmo por que os neófitos em política não conseguirão amealhar adesões nem pecúnia para desenvolver campanha eleitoral a não ser que seja um indicado de uma velha , experimentada e hábil raposa do metier da política no Brasil. O caso de Dilma Rousseff é típico e possivelmente ela logrará a eleição para presidente da República sem jamais ter dispurado uma eleição.
Há, também aqueles casos que atraem votos de protesto. Pode-se dizer que o falecido deputado Enéas Carneiro, de São Paulo, elegeu-se com uma torrente de mais de um milhão de votos ajudando a eleger candidatos da sua legenda que obtiveram não mais do que algumas centenas de sufrágios. Nas próximas eleições o Ibope prevê que o palhaço Tiririca deverá ter votação na casa de um milhão de votos para deputado federal. Mas os observadores da política, neste caso, levantam a arguição sobre a legitimidade da eleição do palhaço -- o personagem - e não do cidadão. A Justiça Eleitoral poderia impugnar a eleição de Tiririca que poderá ser um palhaço deputado. Com certeza a votação em Tiririca será no personagem e não na pessoa do artista que faz a campanha de peruca e estilizado segundo o palhaço do programa de humor da televisão. Tudo a sugerir que o modus faciendi da campanha eleitoral na democracia brasileira permite distorções que contribuem para o descrédito na política.





(*) Texto publicado na seção de Política do jornal Brasilwiki .

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Adelino, que bom que vc tem um blog.
Adorei sua linha de pensamento, muito esclarecedor!!!!


Do seu amigo Ricardso Santos